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      Jair Bolsonaro: militarista, xenófobo e favorito para a eleição brasileira

        O candidato, que foi esfaqueado na quinta-feira (6), é deputado e ex-capitão do Exército. Ganhou notoriedade por sua defesa da ditadura e pela proposta de que a população se arme contra a violência.

      Jair Bolsonaro: militarista, xenófobo e favorito para a eleição brasileiraQuem é Jair Bolsonaro?, explica a correspondente do Clarín no Brasil (AP Photo/Leo Correa, File)
      07/09/2018 13:09

      Buenos Aires, 7 de setembro de 2018 

      O discurso político habitual de Jair Bolsonaro vai além do conservadorismo da elite brasileira. Ele não usa o verniz da correção política dos candidatos que lutam para chegar a um cargo alto. Nascido em 1955, Bolsonaro defende “a época gloriosa” da ditadura militar que governou o Brasil entre 1964 e 1985. Este ex-capitão do Exército, que passou para a reserva em 1988, depois de ser artilheiro e paraquedista é, atualmente, a expressão genuína da extrema direita brasileira.


      “No meu gabinete haverá muitos militares”, afirma. “Necessitamos hierarquia e disciplina para alcançar ordem e progresso”, diz. Reconhece “não entender” de economia, mas exige uma drástica diminuição do poder do Estado. “O livre mercado é a mãe da liberdade”, é um de seus lemas.


      Ele tem uma característica que o diferencia dos demais políticos brasileiros. E é que ele não tem acusações de atos de corrupção, fato que ele sempre ressalta.


      Bolsonaro não esconde suas opiniões provocadoras. Por exemplo, diante da violência diz que é preciso responder com mais violência. Em um país onde há 60.000 assassinatos por ano, promove uma legislação para que as pessoas possam ter fácil acesso às armas. Assim, diz Bolsonaro, o homem comum poderá exercer seu “direito à defesa”.


      Para ele as armas “são a garantia da nossa liberdade”. Em um comício ele apareceu ensinando uma menina a imitar o formato de uma arma, usando as mãos.


      Com essa personalidade, iniciou sua carreira política em 1988 como vereador do Partido Democrata Cristão no Rio de Janeiro. Depois foi deputado por esse estado por sete mandatos. Bolsonaro diz defender os “valores tradicionais” da família. No entanto, ele foi capaz de dizer à deputada Maria do Rosário, do PT, uma frase brutal: “Jamais ia estuprar você, porque você não merece”.


      Bolsonaro propõe uma profunda reforma educativa para eliminar qualquer tipo de “ensino de gênero” nas escolas. Quer suprimir as cotas raciais na educação superior, o que afetaria a população negra. Odeia os sindicatos e os políticos de esquerda.


      Tem condenações judiciais por discriminar mulheres, negros e homossexuais.


      Bolsonaro nasceu em Glicério, no Estado de São Paulo. Casou-se três vezes e tem cinco filhos, três dos quais são legisladores.

      Sus retórica autoritária assusta um vasto setor do eleitorado, mas atrai notoriamente outro. Teria quase garantido mais votos do que qualquer outro candidato, exceto Lula, que não pode ser candidato porque está preso. Na eleição de 2014, Bolsonaro foi o deputado mais votado do Estado de Rio de Janeiro: teve 464.000 votos, ou seja, foi apoiado por 6% do eleitorado da região.


      As últimas pesquisas confirmam que tem 22% de intenção de voto, muito à frente dos 6% de Fernando Haddad, que provavelmente será o candidato do PT, dada a situação legal de Lula.


      Os dados biográficos essenciais dizem que Jair Bolsonaro é filho de imigrantes italianos. Teve que despedir sua última esposa, que tinha contratado como secretária no Congresso, depois que o Supremo Tribunal Federal confirmou que o nepotismo é ilegal na administração pública.

      A mídia também revelou que desde 2010 o patrimônio de Bolsonaro cresceu 150% e que ele tem várias propriedades, entre elas duas residências na exclusiva Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.


      Bolsonaro ganhou muitos simpatizantes com seu discurso de “linha dura” e sua admiração por ditadores como o peruano Alberto Fujimori e o chileno Augusto Pinochet. “Tem gente que me apoia em todo o Brasil. Alguns até me amam”, afirma Bolsonaro.


      Alguns ainda se lembram que durante a votação para destituir a presidente Dilma Rousseff, Bolsonaro fez uma homenagem no Congresso ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, que foi chefe do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI) durante a ditadura militar. Ustra foi responsável de ter torturado Dilma.


      Eleonora Gosman é correspondente do Clarín no Brasil


      Sobre la firma

      Eleonora Gosman
      Eleonora Gosman

      Corresponsal en San Pablo egosman@clarin.com